domingo, 9 de setembro de 2012

25 do oito

Quando ficamos como assim, a ouvirmo-nos e a falarmos-nos, somos capazes de descobrir muito mais do que todos eles, obedientes e assustados. Como aqui, assim, estas palavras a levarem esta voz fazem-nos saber que estamos juntos, mesmo quando não há uma sala com estas paredes e só conseguimos duvidar e duvidar desta verdade. Estamos juntos, mesmo quando nos separamos pelas ruas e, dentro de nós somos um exército de segredos, mesmo quando nos escondemos do mundo que desejámos e que desejamos indescontroladamente, desincomparavelmente, como um silêncio que mente e mente e não mente.
Estamos juntos no silêncio, apesar desta voz carregada por estas palavras, apesar das formas todas dos nossos corpos e dos desenhos que somos capazes de fazer com o olhar. As nossas mãos procuram-se à noite, dentro das luzes apagadas. Sabemos quem somos. Somos muitos e sabemo-nos reconhecer. Esperamos muito mais do que a madrugada. Temos a força de para sempre, aprendemos a renúncia de nunca mais. A disciplina está enterrada naquilo que não é medo, é força, e que nos protege, que nos protegemos a nós próprios. As palavras são pedras. As certezas perseguiram-nos e abrandámos para que nos alcançassem. Agora, controlamos pontes e quotidianos. Agora, esta voz dirige-se para o teu rosto. Nada nos é impossível. Nem mesmo o impossível nos é impossível. Explicamo-nos uns aos outros e, sem que ninguém nos perturbe, encontramo-nos sempre como agora, aqui, assim, como agora, aqui, assim.