"As nossas opiniões não poderão sobreviver se não tivermos oportunidade de lutar por elas."
Thomas Mann (1875 - 1955)
Por tudo aquilo que aprendi contigo.Pela tua forma de pensar e estar neste mundo que tanto admiro. Pela força que tens dentro de ti e que move montanhas.Pela tua visão simples e humilde do que viver significa. Pela amizade que desde sempre foi o mais importante. Tu sabes.
Não será descabido acreditar que Michael Joseph Jackson morreu com a suprema amargura de saber que o Mundo já não necessitava dele enquanto esteta, mas, tão-só, como ícone de um passado que se quer cristalizado. Aliás, a exemplo do músico, os próprios fãs recusavam-se a encarar a vida pós-"Invincible" (derradeiro álbum de estúdio, de 2001) como percurso válido em termos de memórias afectivas. Seria, sempre, doloroso demais. Sétimo de nove filhos, Michael tinha dez anos quando se deu a conhecer à música. Primeiro, nos Jackson 5; posteriormente, nos The Jacksons e, enfim - terá pensado ele, após permanentes conflitos com o pai -, em nome próprio. A solo, a ascensão estética não conhecia o vocábulo "engulhos". Nessa perspectiva, "Off the wall" e "Thriller" são paradigmáticos. Aliás, o segundo mantém o estatuto de álbum mais vendido, com 100 milhões de exemplares espalhados pelo Mundo. Sobre os arredores, não há dados consistentes... No entanto, algo começou a ceder. Não faltou quem se apressasse a atribuir alegados desvarios a eventuais excentricidades. Pelo menos, elas valeram-lhe uma alcunha, Wacko Jacko, cortesia do jornal britânico "The Sun". A lista não é infindável, mas prima pela robustez. Alegações de abuso sexual sobre crianças e casamentos sem lógica aparente não são dos actos menos polémicos. Inclusivamente, o enlace com Lisa Marie Presley - filha de outro rei, Elvis - não demorou a ser considerado mais como golpe publictário do que propriamente fruto de muito amor, carinho e devoção. Basta atentar que a descendência do autor de "Beat it" jamais obteve da comunicação social o tratamento benigno prestado a rebentos de outros "excêntricos". De qualquer forma, o próprio Michael Jackson também não facilitava. Criou um mundo de fantasia e alienação no rancho californiano Neverland - Peter Pan, com certeza -, propriedade em que, alegadamente, terá praticado actos de pedofilia. Após acordos extra-judiciais, não foi apenas a credibilidade do cantor que ficou abalada. As finanças também se ressentiram. Nem sequer faltou o exílio. Muito provavelmente, dourado. Foi para o Bahrain. Onde tentou esquecer e ser esquecido. Há sempre algo mais forte. Há poucos meses, anunciou 50 concertos em Londres, Inglaterra. Tudo em grande. Como o ego, como o alheamento... O primeiro seria a 13 de Julho. Não chegou a ser o último. O coração resolveu de outra forma. Ajudou à lenda. Porque nunca se saberá como seria o Michael Jackson do próximo mês. Na verdade, quem foi Michael Jackson?
Que os punks estejam zangados e sejam refilões, é o que se espera deles. Que consigam sair da toca e chegar a dezenas de milhões de pessoas fazendo oposição política é coisa que não lembra ao diabo. Foi o que Dexter Holland e Kevin Wasser fizeram, punk carregado de cólera em músicas de três minutos de eficácia e com refrões cheios de alma.
"A ânsia de compreender, que para tantas almas nobres substitui a de agir, pertence à esfera da sensibilidade. Substitui a Inteligência à energia, quebrar o elo entre a vontade e a emoção, despindo de interesse todos os gestos da vida material, eis o que, conseguido, vale mais que a vida, tão difícil de possuir completa, e tão triste de possuir parcial. Diziam os argonautas que navegar é preciso, mas que viver não é preciso. Argonautas, nós, da sensibilidade doentia, digamos que sentir é preciso, mas que não é preciso viver. "
“Era uma vez um filho que queria ter um pai que quisesse ter um filho.”
"O filme é uma fábula de má comunicação e relações vazias, redimidas pelo sonho do único que ainda não foi corrompido. É uma história de quebras emocionais, sentimentos não desenvolvidos; em última análise o cancro ocidental contemporâneo que é a desproporção entre os valores da vida diária e o dinheiro. Para mim, mais importante que entender os mecanismos mentais por detrás de cada truque narrativo, trabalho de câmara, etc. é a capacidade de nos sentirmos invadidos e (mais ou menos) identificados com tudo. Isso provavelmente dirá algo sobre si."
Realizador: Luis Filipe Rocha
Ano: 1996
Com: José Afonso Pimentel, João Lagarto, Laura Soveral
"Não choro a perda da minha infância; choro que tudo, e nele a minha infância, se perca. É a fuga abstracta do tempo - que é meu, que me dói no cérebro físico pela recorrência repetida, involuntária, das escalas do piano lá de cima, terrivelmente anónimo e longínquo. É todo o mistério de que nada dura que martela repetidamente coisas que não chegam a ser música, mas são saudade, no fundo absurdo da minha recordação." Bernando Soares